Ricardo começa sua palestra parabenizando a Exal por seus 30 anos e comenta que no Brasil apenas 20% das empresas conseguem chegar aos 5 anos. 80% morrem antes disso. Comenta que, com certeza, os valores da Exal a fizeram chegar onde chegou. Valores de ética e princípios elevados.

Ricardo fala que, para entendermos o mercado brasileiro, precisamos dar uma olhada no mundo.

Comenta que está preocupado com a possível volta de um muro. Este mês comemoramos os 33 anos da queda do muro de Berlim. Afirma que, o muro de Berlim e a dissolução da União Soviética em 1993 foram responsáveis por desenhar o cenário geopolítico do mundo. Foram 3 décadas de expansão de globalização, que começaram a dar marcha ré com a saída do UK do Brexit e a eleição do Trump nos EUA e mais recente e preocupante, a invasão da Ucrânia, já que isso abre uma caixa de Pandora para outros riscos, como por exemplo uma invasão da China à Taiwan a qualquer momento.


A queda do muro foi muito importante para a economia mundial, porque quando a gente expande o mercado e tem acesso a produtos melhores e mais baratos, a inflação cai.

Na época em que o mundo era dividido entre comunista e capitalista, usava-se o que se tinha. Por exemplo, o LADA já foi sinônimo de carro num destes blocos.

Quando se tem acesso a produtos melhores e mais baratos, a situação inflacionária mundial cai, e consequentemente, a taxa de juros também. Isso faz com que sobre mais dinheiro para inovação, o que, por sua vez, ajuda a inflação a cair mais.

Ricardo avalia que houve uma mudança estrutural na economia mundial, o que vai gerar mais inflação e menos disponibilidade de capital. Vivemos num ambiente inflacionário em todos os aspectos e setores.

Ele fala, que, pela primeira vez, e talvez isso não se repita mais, o Brasil é o único país onde a inflação caiu significativamente no último ano.

“Pela primeira vez na vida, e acho até importante gravar isso, porque não sei se terei outra chance de falar esse fato, o mundo está com um problemaço de inflação, e o Brasil não” (Amorim, Ricardo)

O motivo disso é que a inflação do Brasil subiu muito em 2021, o Banco Central precisou subir muito a taxa de juros para conter essa inflação e a SELIC foi de 2 para 14%. Em 2021 foi uma das economias que menos cresceu no mundo. A contrapartida é que em 2022 será uma das economias que mais vai crescer. Com uma inflação inferior aos EUA e um crescimento talvez maior que o da China. Faz 40 anos que a inflação no Brasil não foi menor que nos EUA e mais de 50 anos que não cresce mais que China. Acontecer isso junto, no mesmo ano, é um verdadeiro fenômeno.

A mensagem é: ainda que tenhamos tensões e incertezas políticas, o que está desenhado para o ano que vem é muito mais positivo do que negativo.

Isso não é garantia de que tudo dará certo, mas para dar errado, precisa ter um conjunto muito grande de erros.

Os juros no Brasil vão cair no ano que vem, resultando em mais crédito e mais crescimento econômico.

Nossa moeda está supervalorizada por conta das commodities.

Ricardo se diz hoje, muito mais preocupado com o resto do mundo do que com o Brasil.

Estados Unidos, por exemplo, para cada 2 vagas abertas, tem 1 pessoa desempregada. Resultado, é necessário buscar mão de obra nos concorrentes, pagar mais para estes trabalhadores, e o custo de produção aumenta, na mesma proporção que as pessoas, recebendo salários mais altos, estão com dinheiro para gastar. Custo de produção mais alto e gente querendo comprar = aumento de preços do produto. Resultado: hiperinflação seguida de recessão.

A seguir, Ricardo fala da taxa de desemprego no mundo. E reforça, que, no Brasil, embora a taxa de desemprego ainda seja altíssima, foi o país onde a taxa de desemprego mais caiu este ano (reflexo do crescimento que ele falou anteriormente).

Ricardo fala que mais uma coisa que pode ajudar o Brasil é o CAOS logístico na China.

Com isso acontecem 3 coisas:

  1. Soja que não é desembarcada faz com que as pessoas não comprem mais soja do Brasil. Se não fosse o lockdown da China, os preços das commodities do Brasil teriam subiriam mais ainda. Quando o lockdown acabar, o preço das commodities vai subir e isso é bom para o Brasil. 
  2. Navios parados aumentam o custo do frete.
  3. Começam a faltar componentes da China, que também não está conseguindo exportar, já que seus navios estão parados. Isso gera uma demanda reprimida. Quando a China abrir, vai aumentar a demanda pelos produtos que o Brasil + exporta: minério de ferro e soja. Isso será benéfico para o Brasil. Por enquanto não há previsão para isso acontecer. Casos de COVID subindo na China.

Existem grandes oportunidades no agronegócio hoje no Brasil.

Ricardo reforça que, não é que estejamos vivendo no  paraíso no Brasil. Viver no Brasil é sempre “com emoção”, mas ele fala que é o momento para aproveitar as oportunidades que vem por aí.

Baseado nas últimas 5 décadas no Brasil, Ricardo avalia que a próxima década será bastante favorável ao país.

Neste ano o Brasil já é uma das melhores performances na bolsa no mundo.

Em seguida, o Ricardo comenta de outra grande transformação que é a digital. Nesses mais de 30 anos de processo de migração para o digital, temos gerado cada vez mais dados. Uma vez que dados têm ganhado valor, é importante para o mercado estar atento a como capturar esses dados e como transformá-los em inteligência. Quem tem acesso ao dado, pode e já tem entrado em mercados que não eram prováveis pelo nicho que as empresas desempenham. A Amazon, por exemplo, que detêm uma série de dados a partir das vendas feitas, começou a entender a necessidade financeira dos clientes e hoje ela compete com grandes bancos oferecendo soluções financeiras. Google e Magalu também são grandes exemplos nesse sentido. Além disso, surge a partir da transformação digital abre mais espaço para mais modelos de negócios, mais inovação, etc. Portanto, o mercado precisa estar pronto para a aceleração das mudanças.

Embora esse cenário já preveja fortes mudanças para um futuro próximo, além das que presenciamos nos dois anos de pandemia, é importante ter foco nas mudanças que já estão acontecendo. Uma delas é a sustentabilidade. A partir do momento em que investidores passaram a usar como critério para liberar verba de financiamento o cuidado com o meio ambiente e impacto social, as empresas passaram a dar mais importância ao assunto. O Brasil tem um grande potencial nesse respeito.

Outra grande transformação, hoje mais importante do que nunca, está diretamente relacionada com internet e redes sociais. Como podemos criar uma experiência para o cliente tão incrível, que faça dele um promotor da marca na internet? Ricardo conta uma experiência que teve em um hotel que o deixou tão positivamente impactado que ele resolveu compartilhar a experiência em um post nas redes sociais. Esse post atingiu 12M de pessoas, ou seja, o hotel fez a experiência de hospedagem ser tão importante para o Ricardo que ele se tornou o departamento de marketing do hotel, por assim dizer, promovendo a marca na internet e multiplicando as vendas para o hotel. Isso precisa ser explorado.

Ricardo apresentando dados que mostram claramente que estamos vivendo a era de maior geração de riqueza/renda per capita. Do ano 0 ao ano 1000, a renda per capita se manteve estável. A partir do ano 1500, com a criação da prensa e, portanto, disseminação de mais informação e conhecimento, essa renda começa a subir. A partir da era industrial, de 1800 em diante, essa renda sofre uma grande aceleração de crescimento. Em 2015, já na era da informação e antes da pandemia, a renda per capita é 5x maior do que era no início dos anos 2000. Esse aumento, nesse intervalo de 15 anos, é maior do que todo o aumento acumulado entre o ano 0 e os anos 2000. A pandemia acelerou as transformações, portanto, podemos esperar que nos próximos anos presenciaremos um aumento de riquezas como nunca vimos antes.

Ele finaliza destacando os pontos a seguir:

1- Há uma chance significativa de que a economia brasileira surpreenda positivamente;

2- Há um movimento enorme de transformação tecnológica gerando oportunidades;

3- Não é só inovar. É preciso ter estabilidade de resultado;

4- Transformações maiores em todas as áreas.